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Lucis
11 de junho de 2024
Uma forma que eu definiria o mundo em que vivemos, especialmente no Brasil, é: dominado por reclamações. Nós adoramos reclamar e quase sempre a conversa chega num lugar irredutível, sem futuro. Eu não estou interessado em viver nesse mundo. Aprendi que posso criar o meu e você pode criar o seu também. Se o seu mundo for um bom mundo, outras pessoas vão querer habitá-lo junto com você (build it and they will come).
E, agora, eu quero viajar um pouco para um desse mundos. Em especial, no que me deixa mais animado de construir. Eu quero conhecer suas estruturas e como ele se diferencia do que existe hoje. O que aconteceu pra esse mundo futuro ser tão impressionante? Talvez colocar isso em nossas conversas seja exatamente o caminho para realizar algo extraordinário.
Se eu fosse escolher uma palavra pra definir o futuro que me anima para o Brasil, seria autoestima. O país que deu certo só deu certo porque pessoas usaram a autoestima e foram poderosas para tocar iniciativas nunca antes tocadas. Antes, milhares de brasileiras e brasileiros com potencial de impactar o mundo acreditavam não ser bons os suficientes. Não achavam que conseguiam aprender algo difícil, ou fazer aquele projeto legal no Brasil. Nesse futuro, isso não ocorre mais.
Como que houve esse estalo? Simples: as histórias que estavam nas cabeças das pessoas mudaram. Vários brasileiros ajudaram o país a descobrir o seu próprio potencial, contando suas histórias de sucesso e criando possibilidade. O Brasil foi descoberto, e dessa vez por ele mesmo. As aceleradoras, think thanks e instituições de ensino foram importantes também – não seria possível sem elas – mas o que de fato virou a chave foi a determinação interna de cada um que construiu esse futuro.
Nesse futuro, muitos dos passos importantes para o país foram feitos por esforços individuais. Pessoas determinadas que acreditavam muito em uma ideia e se dedicaram incessantemente. Mas, isso não significa que não foi um trabalho coletivo. Por trás de todos grandes criadores, há vários indivíduos que muito se empenharam para aquela invenção acontecer. E essa é uma das maiores vantagens competitivas, para quem gosta de pensar assim, da cultura brasileira: nos importamos muito um com o outro, e ajudamos o próximo sempre que possível.
Uma das iniciativas importantes foi a rede de apoio instalada nos institutos de educação pelo Brasil. Ex-alunos de escolas e universidades, agora construindo suas carreiras de sucesso, estão sempre em contato com o lugar onde se formaram. Esse movimento continua crescendo e ele é alimentado por um sentimento belo: gratidão. Nós queremos contribuir de volta, na fartura, para quem tanto ajudou quando estávamos descobrindo o mundo. Era estranho que isso não acontecia antigamente, mas o mundo é cheio de segredos "óbvios" que ninguém descobriu ainda.
As redes de apoio familiares, religiosas e de amizade também fizeram um trabalho exemplar. A corrente de solidariedade que sempre marcou nossa cultura foi essencial. Conseguimos formar os jovens que, nos interiores do Brasil, levantavam cedo para se deslocar até a escola na outra cidade. Ou então que saíram de casa ainda adolescentes levando consigo toda a esperança e a saudade dos seus pais. Toda a comunidade estava disponível quando eles precisaram, e a descentralização do esforço foi fundamental para a realização das políticas públicas.
Uma coisa que nos ajudou bastante foi conhecer e redescobrir a história brasileira. Tanto história do nosso país como, especialmente, a história das comunidades locais. O entendimento e discussão sobre nossas origens foi fundamental para fortalecer o nosso sentimento de nação. O nosso passado nos deus ótimas ideias.
Isso se manifestou de diversas maneiras. A internet recebeu de conteúdo de qualidade que ensina sobre histórias surpreendentes antes passadas somente na oralidade. A nossa cultura popular é vibrante. Os brasileiros conheceram outros brasileiros inspiradores que eram pouco lembrados nas conversas. Algumas pessoas descobriram que o mundo não é tão imprevisível assim, e muitos problemas "modernos" ocorrem por toda a história.
O Brasil aprendeu com os vários erros da nossa história. Viu o que funciona e o que não funciona. Estudar como os erros aconteceram foi fundamental. Antes de entrarmos no caminho pra esse futuro brilhante, a gente olhava e falava muito sobre os sintomas dos nossos problemas. O que a gente precisava era entender a origem desses problemas. Isso nos tornou mais imunes, como sociedade, e nutriu mais a empatia e a confiança do povo.
A cultura está presente como nunca no dia-a-dia do país. As pessoas, mais conectadas em suas comunidades por conta das redes de apoio, engajam em atividades que valorizam a cultura brasileira, tanto como público tanto como artista. Essa transformação ocorreu dentro e fora dos grandes centros. Com os artistas locais organizados e com uma rede forte, a indústria da cultura cresceu fortemente nos últimos anos.
O aumento de autoestima teve uma relação de feedback loop com a valorização à cultura: cada um alimentou o outro, indefinidamente. Antigamente tínhamos vergonha do que era nosso. Algumas pessoas ficavam de prontidão para atacar a qualidade ou o bom-gosto (?) de movimentos e artistas brasileiros. Agora, é o contrário. Defendemos e valorizamos a produção artística, pois sabemos que é assim que criamos um país que é bom de se viver.
Brasileiros que foram viver fora realizaram que o que há no Brasil não há em nenhum outro lugar do mundo. O trade-off sobre pontos positivos e negativos virou a favor do nosso país. Tivemos um número recorde de repatriações, e diversas empresas foram criadas com a expertise e o financiamento de quem passou um tempo vendendo seu talento para empresas estrangeiras.
A queda de natalidade se intensificou como ameaça às grandes economias. Pouca gente para trabalhar e criar o futuro dos países. Não no Brasil. Nesse novo mundo, ganhou o país melhor preparado para receber estrangeiros. E, de fato, esse é muito óbvio que íamos sair na frente: a hospitalidade brasileira sempre foi destaque. Quando juntamos isso com nossas belezas naturais, nossas atividades culturais e a vibrante cena de criadores, viramos o destino preferido dos turistas.
Business or Pleasure. Os estrangeiros pousam no Galeão para uma semana apaixonante no Rio de Janeiro, ou desembarcam no Pinto Martins para fechar negócios em Fortaleza, e vice-versa. O Brasil se tornou uma referência mundial de confiança e conforto. É gostoso vir ao Brasil e conversar com as brasileiras e os brasileiros. Você sempre sai descobrindo algo novo e já pensando na próxima vinda. Somos um país admirado e soberano.
Essa é apenas uma das histórias, e ela está sempre em construção. Nasceu de conversas profundas com outras pessoas que também estão comprometidas com esse futuro. Caso te interesse continuar acompanhando esse tópico, se inscreva na minha newsletter logo abaixo.